Você já ouviu falar em adultos que usam chupetas ou que cuidam de bebês reborn como se fossem filhos de verdade? O tema, embora cercado de curiosidade e até polêmicas, vem ganhando cada vez mais espaço em reportagens, fóruns online e estudos acadêmicos.
À primeira vista, pode soar estranho: afinal, chupetas e bonecas são itens associados à infância. No entanto, a psicologia revela que esses objetos cumprem papéis muito mais profundos do que parecem. Eles podem atuar como mecanismos de alívio emocional, suporte terapêutico e até como ferramentas de reconexão afetiva.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes por que alguns adultos encontram conforto em chupetas e bonecas reborn, o que a ciência explica sobre esse comportamento, os benefícios, riscos, preconceitos sociais e até como diferentes culturas interpretam esse fenômeno.
O que são bebês reborn?
Os bebês reborn surgiram na década de 1990 nos Estados Unidos, criados inicialmente por artistas que desejavam confeccionar bonecas extremamente realistas para colecionadores.
Características dos reborn:
Produzidos em silicone ou vinil macio
Pintados à mão com detalhes de veias, manchas e texturas de pele
Possuem peso semelhante ao de um bebê real
Alguns modelos incluem batimentos cardíacos simulados ou respiração mecânica
O realismo é tão impressionante que, em muitos casos, é difícil distingui-los de bebês de verdade.
Por que adultos adotam reborn?
Elaboração de luto: mães que perderam filhos ou tiveram abortos espontâneos encontram conforto no cuidado simbólico.
Atenuação da solidão: idosos ou pessoas sem filhos podem sentir-se acompanhados.
Expressão artística: colecionadores veem nos reborn uma obra de arte viva.
Terapia psicológica: usados como ferramenta para tratamento de depressão e ansiedade.
Segundo a BBC News (Fonte), existem até clínicas de psicologia que utilizam reborn como parte de terapias de apego.
Chupetas em adultos: regressão emocional ou autocuidado?
O uso de chupeta por adultos desperta bastante debate entre especialistas.
O que a psicologia aponta:
A chupeta em adultos é frequentemente vista como um sinal de regressão emocional, um mecanismo de defesa em que a pessoa retorna a comportamentos infantis para lidar com estresse ou ansiedade.
Esse comportamento não é recomendado como prática cotidiana, porque pode indicar dependência emocional e dificultar o desenvolvimento de estratégias mais saudáveis de enfrentamento.
No entanto, em contextos terapêuticos ou como recurso temporário de alívio emocional, pode ser compreendido.
Funções psicológicas relatadas:
Sensação de segurança: reviver memórias inconscientes da infância.
Autoconsolo: usado por algumas pessoas para reduzir ansiedade em momentos de crise.
Ajuda no sono: em situações de insônia ou estresse extremo, pode induzir relaxamento.
Ou seja: não se trata de uma prática “certa ou errada” em termos absolutos, mas de um comportamento que precisa ser avaliado pelo impacto na vida da pessoa.
Enquanto os bebês reborn remetem ao instinto de cuidar, a chupeta em adultos simboliza a busca por ser cuidado.
Psicologia do apego: a base de tudo
A teoria do apego, formulada por John Bowlby e aprofundada por Mary Ainsworth, explica que desde o nascimento o ser humano precisa de vínculos para se sentir seguro.
Quando esses vínculos são frágeis, instáveis ou traumáticos, o adulto pode buscar “atalhos emocionais” para suprir suas necessidades. É nesse contexto que entram objetos como chupetas e bonecas reborn.
Pesquisas de neuroimagem mostram que interagir com objetos que simulam cuidado (como reborn) ativa regiões cerebrais relacionadas à empatia e ao vínculo afetivo — as mesmas que são ativadas quando pais cuidam de filhos reais.
Benefícios psicológicos documentados
Embora muitas pessoas vejam o hábito com preconceito, a ciência tem apontado benefícios claros.
Principais benefícios:
Redução da ansiedade: estudos mostram queda nos níveis de cortisol em pessoas que cuidam de reborn ou usam chupeta como recurso de relaxamento.
Sensação de pertencimento: muitos adultos encontram comunidades online de apoio que reduzem a solidão.
Processamento de traumas: simboliza a reparação de experiências dolorosas da infância.
Aumento da autoestima: o cuidado simbólico pode reforçar a autovalorização.
Melhora do sono: a chupeta funciona como regulador do sistema nervoso parassimpático.
Pesquisa publicada na Journal of Clinical Psychology (2020) mostrou que a regressão emocional, quando utilizada de forma consciente, pode ser terapêutica em casos de ansiedade crônica.
Riscos e desafios sociais
Apesar dos benefícios, não se pode ignorar os riscos:
Estigma social: muitos adultos escondem o hábito por medo de serem julgados como “infantis”.
Isolamento: em casos extremos, o indivíduo pode se afastar de relações reais.
Dependência psicológica: quando o objeto substitui completamente vínculos humanos.
Questões físicas: uso prolongado de chupeta pode causar problemas odontológicos.
A American Psychological Association (APA) alerta que qualquer hábito deve ser analisado pela sua funcionalidade: se traz mais benefícios do que prejuízos, pode ser saudável. Caso contrário, requer acompanhamento clínico.
Comparação cultural: como o fenômeno é visto em diferentes países
O uso de reborn e chupetas por adultos não é exclusivo do Brasil.
Estados Unidos: há convenções anuais de colecionadores de reborn, com milhares de participantes.
Japão: prática associada ao fenômeno kawaii (cultura da fofura) e à terapia contra solidão.
Europa: clínicas de luto utilizam reborn em terapias para mães enlutadas.
Brasil: crescente, mas ainda cercado de tabus e preconceitos sociais.
Essa comparação mostra que a percepção do hábito está diretamente ligada à cultura e ao nível de aceitação social.
Tabela comparativa: benefícios e riscos
Aspecto
Benefícios principais
Riscos potenciais
Chupeta em adultos
Redução de ansiedade, relaxamento, auxílio no sono
Problemas dentários, estigma social
Bebês reborn
Redução da solidão, suporte no luto, estímulo emocional positivo
Substituição de vínculos reais, custo elevado
Impacto social
Geração de comunidades de apoio e acolhimento
Pode causar preconceito e isolamento
Checklist: como avaliar se o hábito é saudável?
✅ O hábito é ocasional e não prejudica sua rotina ✅ Você mantém vínculos sociais reais ✅ O uso traz conforto sem gerar vergonha excessiva ✅ Ele não substitui totalmente suas relações humanas ❌ Você se sente dependente do objeto para relaxar ❌ O hábito gera culpa ou constrangimento diário ❌ Já trouxe problemas físicos ou emocionais
Se os ❌ predominarem, é hora de buscar ajuda profissional
Casos reais e reportagens
Uma reportagem do The Guardian apresentou mães que, após perderem filhos, encontraram nos reborn uma forma de elaborar o luto.
O portal UOL destacou comunidades brasileiras no Facebook onde adultos compartilham experiências com chupetas e reborn sem julgamentos.
Em um estudo da Universidade de Sheffield (Reino Unido), pacientes em luto relataram melhora significativa na saúde emocional após o uso de bonecas reborn como ferramenta terapêutica.
Abordagem clínica: o que psicólogos recomendam?
Chupeta em adultos: não recomendada como prática cotidiana, pois pode ser regressão prejudicial. Pode ser compreendida em contextos de crise, mas deve ser substituída por recursos terapêuticos mais saudáveis.
Bebês reborn: podem ser utilizados como ferramenta terapêutica em luto e ansiedade, desde que acompanhados por orientação psicológica.
A regra é clara: se o hábito traz mais prejuízos que benefícios, precisa ser repensado.
Referências confiáveis
Bowlby, J. (1988). A secure base: Clinical applications of attachment theory. Routledge.
Andrew, R. (2020). “Adult regression as coping mechanism in anxiety disorders.” Journal of Clinical Psychology. Leia aqui
American Psychological Association (APA) – Recursos sobre regressão e coping. Fonte
Journal of Child Psychotherapy (2019). “Attachment figures in therapeutic play with reborn dolls.” Fonte
BBC News. “Bonecas reborn e o impacto no luto materno.” Fonte
Conclusão
As chupetas e os bebês reborn em adultos representam comportamentos complexos. Enquanto os reborn são amplamente aceitos como ferramentas de apoio terapêutico em luto e ansiedade, o uso de chupeta é visto pela psicologia como um sinal de regressão emocional.
Não significa que o hábito seja sempre prejudicial — em momentos de crise, pode até servir como recurso temporário de alívio. Mas quando vira dependência ou substitui estratégias saudáveis, passa a ser problemático.
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Isadora Luz é criadora do blog Viva Serenamente, onde compartilha reflexões e práticas para uma vida mais leve e equilibrada. Apaixonada por bem-estar, organização e autoconhecimento, escreve de forma acessível e inspiradora, ajudando leitores a encontrarem caminhos mais conscientes no dia a dia.
🔎 Aviso: O conteúdo publicado no Viva Serenamente é informativo e não substitui a orientação de profissionais especializados.
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